Você já se deparou com uma vaga de emprego para “iniciante”, mas que exige experiência anterior? Essa contradição é mais comum do que parece e afeta diretamente milhões de brasileiros, especialmente jovens, mães retornando ao mercado e trabalhadores em transição de carreira.
Essa prática tem gerado um ciclo cruel: sem experiência, não há emprego. Sem emprego, não há experiência.
Segundo dados do IBGE, mais de 7,9 milhões de pessoas estão desempregadas no Brasil. Desse total, uma parte significativa é composta por pessoas que estão em busca do primeiro emprego — mas são barradas justamente por não terem um histórico profissional.
Uma exigência incoerente e excludente
🚫 “Precisa ter experiência” virou a frase mais desanimadora para quem está começando. Embora pareça razoável para cargos de alta complexidade, essa exigência tem se estendido até mesmo a funções operacionais e de entrada, como:
✅ Atendente de loja
✅ Auxiliar de produção
✅ Recepcionista
✅ Operador de caixa
✅ Repositor de estoque
Isso levanta a pergunta: por que as empresas exigem experiência para cargos que poderiam perfeitamente ser ocupados por iniciantes?
Os impactos psicológicos da rejeição constante
A falta de oportunidade afeta não apenas a renda, mas também a saúde emocional dos candidatos. O sentimento de inutilidade, frustração e baixa autoestima cresce a cada "não" recebido.
“É como se a gente não tivesse valor só porque ninguém deu a primeira chance. Eu mando currículo todo dia, faço cursos, mas nada adianta. Parece que ninguém quer ensinar”, relata Ana Paula, de 21 anos, moradora de Osasco (SP), desempregada há 11 meses.
Empresas reclamam da falta de mão de obra, mas não treinam
Paradoxalmente, muitas empresas alegam ter dificuldade para encontrar profissionais qualificados, enquanto ignoram o potencial de capacitar novos talentos.
Segundo estudo da Fundação Dom Cabral, 70% das empresas enfrentam carência de profissionais com as competências desejadas, mas apenas 22% investem consistentemente em programas de formação interna.
Ou seja: reclamam da falta de experiência, mas não fazem nada para mudar isso.
Por que essa cultura persiste?
Especialistas apontam uma série de fatores que explicam esse comportamento recorrente:
🔍 Redução de custos com treinamento: contratar alguém já “pronto” diminui o tempo de adaptação e aprendizado.
🔍 Pressão por resultados imediatos: gestores querem performance desde o primeiro dia.
🔍 Falta de planejamento de RH: ausência de programas estruturados de integração.
🔍 Desinformação: muitos recrutadores seguem exigências padronizadas sem avaliar o real potencial do candidato.
Iniciativas que dão exemplo
Felizmente, algumas empresas têm adotado programas de inclusão de quem não tem experiência, apostando no desenvolvimento interno. Confira alguns exemplos que merecem destaque:
🟢 Magazine Luiza: o programa "Aprendiz Magalu" contrata jovens sem experiência e oferece capacitação em diversas áreas.
🟢 Ambev: investe em programas de estágio e trainee voltados para quem ainda está na faculdade, priorizando o potencial, não o histórico.
🟢 Natura: promove oportunidades de primeiro emprego com acompanhamento e mentoria, especialmente para mulheres e jovens de comunidades vulneráveis.
Essas ações mostram que é possível desenvolver talentos e contribuir para a transformação social.
O papel do governo e da sociedade
O Governo Federal possui programas como o Jovem Aprendiz e o Primeiro Emprego, que incentivam empresas a contratarem iniciantes. No entanto, a adesão ainda é tímida e muitas vagas oferecidas são limitadas a contratos de curto prazo.
Segundo o Ministério do Trabalho, apenas 5% das empresas brasileiras contratam aprendizes de forma ativa, mesmo com incentivos fiscais e suporte técnico.
É necessário ampliar e fiscalizar o cumprimento dessas leis, além de promover campanhas de valorização do primeiro emprego como instrumento de inclusão social.
O que você pode fazer se está sem experiência?
Mesmo diante de um cenário tão desafiador, algumas atitudes podem aumentar suas chances de conseguir sua primeira vaga:
💡 Invista em cursos gratuitos (Senai, Sebrae, Fundação Bradesco, etc.)
💡 Participe de projetos voluntários para ganhar prática e preencher o currículo
💡 Use o LinkedIn para mostrar seu potencial e se conectar com profissionais da área
💡 Busque vagas de jovem aprendiz ou estágio, mesmo que fora da sua área de interesse
💡 Monte um portfólio, mesmo sem experiência formal (ex: textos, designs, vídeos, planilhas)
Oportunidade deveria ser o primeiro passo, não o último
A experiência não nasce com a pessoa. Ela é construída. E para isso, alguém precisa acreditar, abrir a porta e dar o primeiro passo junto.
A cultura de exigir experiência para tudo precisa ser revista com urgência. O mercado está deixando de aproveitar uma geração inteira de talentos por puro comodismo.
Conclusão: ou o mercado muda, ou continuaremos perdendo talentos
Enquanto as empresas continuarem exigindo o impossível de quem só quer uma oportunidade, o desemprego entre iniciantes vai continuar alto — e o país seguirá desperdiçando potencial humano.
Dar chance para quem nunca trabalhou não é caridade. É inteligência. É investimento no futuro.
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