Cientistas desenvolvem tapete que transforma água do esgoto em combustível à base de hidrogênio

O professor explicou também que poderá haver o uso em células de combustível de hidrogênio que servirão tanto para armazenar energia ou como para baterias de veículos elétricos.


Projeto de equipe de cientistas da Universidade de Warwick utiliza fibra de carbono para filtrar água do esgoto e acabam gerando combustível à base de hidrogênio    

Na Universidade de Warwick, na Inglaterra, cientistas desenvolveram com sucesso um método novo que é capaz de produzir combustível à base de hidrogênio através do esgoto. O dispositivo criado pela universidade utiliza tapetes fabricados de fibra de carbono, que produzem hidrogênio a entrar em contato com os efluentes, ou seja, águas residuais, impuras e dotadas de diversos patógenos que são nocivos à saúde.

Conheça o ‘MEC’ – O sistema inovador capaz de transformar água do esgoto em combustível à base de hidrogênio

O sistema inovador criado pelos cientistas da Universidade de Warwick, conhecido como Células de Eletrólise Microbiana – ou ‘MEC’, na sigla em inglês –, envolve a utilização de microrganismos eletromagnéticos que auxiliam na decomposição dos poluentes orgânicos existentes na água do esgoto.

Durante esse processo de purificação, além da água limpa gerada, é produzido também o gás hidrogênio ao longo desse processo de purificação. O professor de Química Stuart Coles, principal autor do estudo, explicou que a capacidade de gerar gás hidrogênio é valiosa por si só, pelo fato de poder ser comercializada para a indústria química e de plásticos em geral.

O professor explicou também que poderá haver o uso em células de combustível de hidrogênio que servirão tanto para armazenar energia ou como para baterias de veículos elétricos.

Tratamento da água de esgoto se tornará mais barato e eficiente

Tapete de fibra de carbono reciclada produz 18 vezes mais hidrogênio (Imagem: Reprodução/University of Warwick)

O tratamento de água de esgoto necessita de um alto consumo de energia. No Reino Unido, as unidades de tratamento de efluentes gastam em torno de 3% de toda a eletricidade produzida na região, que equivale à 13 bilhões de quilowatts por hora.

Outra grande desvantagem é o custo do ânodo utilizado na reação química que decompõe material orgânico. Os ânodos que tem base elaborada a partir de compostos de grafite ou carbono são extremamente caros e não rendem, pois produzem taxas muito baixas de hidrogênio, não tornando viável seu uso em escala industrial.

Para resolver essa situação, os cientistas de Warwick fizeram uso de um material feito à base de fibra de carbono reciclada, que custa por metro quadrado somente US$ 2 (em torno de R$ 11 na cotação atual).

Testes feitos pelos cientistas demonstram uma enorme taxa de sucesso

Durante os testes feitos em uma unidade de tratamento de esgoto real, os cientistas processaram cerca de 100 litros de águas residuais por dia. Segundo o professor Coles, sua equipe conseguiu remover aproximadamente 51% do total de poluentes orgânicos e 100% dos elementos sólidos existentes na água do esgoto que estava sendo tratado.

Os resultados preliminares ao longo do processo de purificação induzida revelaram que o sistema de células de eletrólise microbiana foi capaz de produzir 18 vezes mais hidrogênio, com 100% de pureza, do que outros materiais convencionais que são feitos à base de carbono tradicional ou de grafite. O professor Coles e sua equipe se mostraram muito entusiasmados com esta nova tecnologia.

Coles relatou que, ao retirar os resíduos provenientes dos setores automotivo e aeroespacial, foi possível desenvolver uma solução circular para um antigo problema. Além de tratar a água do esgoto, agora os cientistas poderão também extrair certos valores dela, encontrado em forma de hidrogênio a um custo muito mais baixo.  

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