Com Juros Real negativo, investimento em ações se torna cada vez mais necessário

Se compararmos o Brasil com outros países em que a taxa de juros é baixa há mais tempo, vemos que ainda existe um bom espaço para o aumento de capital investido em bolsa. 

Durante muitos anos o brasileiro se acostumou a ter 1% de rendimento ao mês sem risco e sem esforço de saber se o dinheiro estava bem aplicado. Mas esse tempo acabou. Com o mais forte ciclo de cortes da Selic, a taxa básica de juros, o país passou a ter pela primeira vez o chamado Juros Real negativo. Ou seja, se você pegar o seu investimento que rende a Selic e subtrair o valor da inflação anual, o IPCA, verá que seu dinheiro encolheu no ano.

Em 2016, quando a Selic estava em seu maior patamar, o Juros Real estava em 6,64% ao ano. Isso permitia ao brasileiro dobrar seu patrimônio em 9 anos. Hoje, com taxa de juros a 2% ao ano e considerando uma inflação anual de 3%, o ganho real do investimento fecha o ano negativo em - 1%. Se o valor estiver na poupança rendendo 1,4% ao ano a coisa fica pior.

A busca por uma maior rentabilidade e a forte queda no preço das ações por causa da pandemia, fizeram o número de investidores em bolsa disparar. A quantidade de CPFs ativos em 2020 passou os 2,6 milhões, segundo dados da B3. Em 2018 eram apenas 800 mil. Os novos investidores foram atraídos pelas “barganhas”, ações de ótimas empresas com preços extremamente descontados.

E contra fluxo não há argumentos. Essa enxurrada de novos investidores somado ao excesso de liquidez ofertada pelos Bancos Centrais mundo a fora como estímulos econômicos, tornaram a retomada do IBOVESPA, principal índice de Bolsa brasileira, mais rápida do que o esperado. O índice saiu do fundo de 63 mil pontos em março – no auge do lockdown e incerteza da pandemia - para superar novamente os 100 mil pontos em julho.

Existe espaço para mais

Como a queda no preço das ações e a Selic baixa foram os gatilhos para retomada parcial da bolsa, vale lembrar que ainda existe muita ação descontada e o Banco Central sinaliza juros baixo por um bom tempo. Para o sócio-diretor da XP Investimentos, Gabriel Leal, esse movimento de investidores na bolsa veio para ficar.

"Não se impressionem se tivermos 10 milhões de investidores na bolsa nos próximos 2 anos", disse na abertura dos painéis da Expert XP, evento de investimentos promovido pela corretora.

Se compararmos o Brasil com outros países em que a taxa de juros é baixa há mais tempo, vemos que ainda existe um bom espaço para o aumento de capital investido em bolsa. Os EUA, onde a taxa básica de juros está entre 0 e 0,25% ao ano, é um exemplo. Segundo dados do Investment Company Institute - principal associação global de fundos regulamentados do mundo -, a indústria americana de fundos tem investida 58% da sua carteira em ações. Comparando com o Brasil, o recurso dos fundos alocados em bolsa aqui é de 9,1%, segundo dados da Ambima (Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro).

Mas vale o alerta para aqueles com interesse em investir em renda variável, buscar conhecimento e auxílio de profissionais especializados na hora de investir em ações é fundamental. Uma carteira equilibrada com boas empresas e visão de longo prazo fazem toda a diferença - já que comprar ação é ficarmos sócios de boas companhias.

“Não sei se as ações vão subir ou cair no próximo dia, mês ou ano. Mas espero que pessoas saibam que estão comprando um pedaço das empresas quando compram ações, e não fichas de aposta (em um cassino)”, disse o megainvestidor Warren Buffett.


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